Um pouco de Peggy Olson e tanto de Rita Lee

27 . junho . 2023
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Quem trabalha com comunicação sabe que, historicamente, a área de criação em agências e estúdios é dominada por homens. Apesar de sermos mais de 51% da população*, é comum encontrar o mercado superlotado de homens em posição de liderança. Segundo uma pesquisa realizada pela More Grls, em 2020, nós ocupávamos apenas 25% dos cargos de liderança. Que disparidade, não é mesmo? 

Em quase 15 anos trabalhando com comunicação, pude contar nos dedos quantas lideranças mulheres eu tive. E isso sempre me incomodou, mesmo quando ainda era uma jovem designer que não tinha sido mordida pelo bichinho do feminismo. Mas confesso que sempre quis chegar lá, acho que sempre tive um pouco de Peggy Olson e um tanto de Rita Lee em mim.

Ainda que sempre questionadora e inquieta, nunca me senti inspirada a buscar uma preparação para ocupar uma posição de liderança. Afinal, que referências eu tinha para cogitar chegar lá no topo da cadeia criativa? Segui meu caminho como pessoa criativa dentro de espaços muito masculinizados, passei por incontáveis lugares onde eu ganhava menos por ser mulher (mas os boletos não param né gurias). Até chegar aqui, na Shoot.

Cheguei como diretora de arte e habitei esse espaço por 1 ano e 5 meses, até surgir a oportunidade de me tornar uma líder criativa. Foi aí que a chave girou e boom… passei a fazer parte daqueles 25%.

Foi uma mistura de felicidade e desespero porque, como muitas mulheres, carrego comigo a síndrome de impostora. Apesar de ter me preparado com cursos e muitas leituras, o medo de ocupar um espaço que, por muitos anos pareceu tão distante, e não ser o suficiente, foi enorme. Por isso, me inspiro em outras mulheres, que são referência e que também ocupam cargos de liderança - como Deh BastosGabriela Moura e Joana Mendes.

Se ao longo da minha trajetória sempre me senti sub-representada e sempre fiz parte de um mercado cheio de desafios relacionados a questões estruturais, estereótipos de gênero, preconceitos e barreiras culturais que precisam ser superadas, estar agora nesse degrau me dá força para continuar subindo e levando comigo todas as mulheres que puder.

É verdade que a conscientização sobre a igualdade de gênero e a diversidade está crescendo no nosso meio, e muitas organizações estão adotando medidas para aumentar a representação de mulheres em todos os níveis de liderança. Mas o caminho ainda é longo e fazer com que o mercado da comunicação seja um ambiente mais equitativo e inclusivo é necessário. E essa é a minha causa.

Então, bora construir juntos esse caminho?

Beijos Ju

*Esse dado é do IBGE através da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua 2021.

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